O futuro da NFL, e de todo o futebol Americano, desde os profissionais até ao ensino secundário (e passando pelas Ligas à volta do mundo, sim até mesmo a Portuguesa) está em risco.
É prudente, para a própria sobrevivência do desporto, ou pelo menos como ele é neste momento, que os agentes desportivos à volta desta modalidade estejam atentos a isso. Cada vez há mais informação, cientificamente comprovada, socialmente entendida, desportivamente preocupante, que a prática de futebol Americano pode aumentar o risco de graves doenças, e problemas físicos.
Ainda mais, quando nos Estados Unidos, pela natureza da cultura e do sistema jurídico, a questões legais, principalmente de compensações financeiras por danos provocados, são enormes e prementes. Todos sabemos o quanto a NFL tem que se preocupar com pagamentos compensatórios a antigos atletas, que estão em tribunal para exigir à Liga que ajude a manter a qualidade de vida pós carreira.
E o que faz o Presidente dos Estados Unidos?
Diz que o futebol Americano está a ficar “mole” e que assim “arruína o jogo”.
“As audiências da NFL estão a descer massivamente [o que não é verdade]. Porque sabem, hoje em dia se fizerem uma placagem com alguma força: 15 jardas. E expulsão do jogo.”
“Estão a arruinar o jogo. É o que eles querem fazer. (os jogadores) Querem fazer placagens (e a Liga não deixa). Eles estão a fazer mal ao jogo.”
Portanto, a principal mensagem do Presidente é que, o jogo precisa de ser mais violento para continuar a manter o interesse dos espectadores.
Isto na mesma semana que se descobriu que Aaron Hernandez tinha estágio 3 (de4) de encefalopatia degenerativa cronica…com 27 anos de idade.
As medidas da NFL para impedir colisões a grande velocidade usando o capacete, ou tendo como alvo a cabeça do adversário foram um acrescento importante para o jogo, assim como a regra de não se poder placar um jogador “indefeso”. Estas regras começaram a ser também implementadas na NCAA e em Ligas de Escolas Secundárias.
Estas medidas servem para proteger os jogadores, proteger o desporto, e em certa parte proteger os espectadores. Só os mais sanguinários é que podem ver um jogador a cambalear, ou a ficar imóvel no campo, depois de uma placagem onde lhe bateram na cabeça e pensar que “isto é que é bom!”. Essas pessoas já não têm (ou não deviam ter) um lugar na discussão do que é melhor para o desporto.
O Presidente Theodore Roosevelt também acreditava que os jogos deviam ser “duros”, jogados por “homens duros.” Em 1905, lesões gravíssimas a que se juntaram episódios de mortes em campos de futebol Americano, fez com que o Presidente ordenasse uma comissão para melhorar o jogo e não o tornar tão violento. O gesto técnico de passe foi introduzido, assim como certas formações no ataque e na defesa foram banidos. O jogo tornou-se mais seguro, e muito mais interessante.
Em 2017, e como tem sido com muitas outras coisas desde que foi eleito, o Presidente Trump que fazer a América “ser grande novamente”, quando os jogadores da NFL eram expostos a situações evitáveis, quando eram atingidos brutalmente sem qualquer proteção, ou quando um jogador ficava afectado por uma placagem tinha era que voltar para o campo se não era considerado como fraco.
Esses dias estão ultrapassados, felizmente, assim como um dia o Presidente Trump será uma má memória para todos aqueles que se preocupam com o progresso civilizacional e com a proteção de todas os participantes no desporto que tanto gostamos.